Ser empreendedor é correr riscos. É olhar para mercados estabelecidos e perceber onde estão as oportunidades latentes e as necessidades não atendidas. É perceber como ligar ideias e serviços aparentemente sem ligação para surpreender com um novo produto ou serviço. É inovar. É diferenciar ofertas e produtos.

Implica resiliência, acreditar que se consegue, e que depois de um dia mau existirá sempre um dia melhor. Implica também uma análise permanente da estratégia a implementar, dos investimentos relevantes a efetuar, de identificar parceiros que tornem o projeto mais forte e mais capaz de reagir à mudança que, em conjunto com flexibilidade e adaptação, são as palavras de ordem para os negócios atuais.

Esta nova realidade em que os negócios se movem hoje tem por base as tecnologias de informação e a transformação proporcionada pela banalização da Internet. Para além dos exemplos, utilizados ad nauseum, da maior empresa do mundo de táxis não ter nenhum, ou da maior empresa de hotéis do mundo não ter hotéis, há todo um mundo novo de oportunidades e novos negócios surgidos nas últimas décadas.

Atualmente, a compra de música é feita por serviços de streaming, a leitura de livros online é uma realidade incontornável (mais de 20% de leitores de audiolivros nos EUA no ano passado), as notícias são adaptadas a visualizações em dispositivos móveis (mais de 50% dos millenials consultam conteúdos online em smartphones), as vendas de viagens e hotelaria são feitas por serviços online que fazem o trabalho de pesquisa e identificação de oportunidades para o que pretendemos, zonas remotas podem beneficiar de um médico especializado com serviços de telemedicina, a informação de blogs e os bloggers ganharam relevância e um espaço próprio, e podemos aceder a cursos das melhores universidades do mundo a partir da comodidade do nosso sofá com soluções avançadas de e-learning,como é o caso do Coursera. Os exemplos são inúmeros. Todos estes projetos, e muitos outros que poderiam ser referidos, têm como premissas base as tecnologias de informação e a Internet.

Se esta é a realidade do dia a dia dos negócios, porque é que muitas das empresas continuam a apostar em formatos de comunicação antigos e pouco eficazes? A realidade é que, a par das mudanças existentes nas restantes dimensões da operação, também aqui existem novas oportunidades e desafios. Os formatos de interação, assim como a forma como os clientes se relacionam com a informação, sofreram profundas mudanças. Estes não esperam, pesquisam. Não pedem, esperam ser surpreendidos. Não perdem tempo com informações detalhadas, querem apreender rapidamente e decidir. Decidem se, quando e como vão procurar a informação da empresa. Não seguem o formato tradicional do funil de vendas, estão regularmente a avaliar e reavaliar marcas e empresas.

Isso significa que a comunicação, seja com clientes, com parceiros ou com media, deve também ter em consideração esses novos cenários, mantendo o pressuposto base – definição de uma proposta de valor clara e diferenciadora, coerência na comunicação que é feita nos diversos canais, assegurar uma presença digital eficaz e integrada, preferencialmente bilingue (ENG/PT), integrar um sistema de gestão da relação com o ecossistema da empresa que seja adequado à capacidade de o utilizar de forma eficaz, e definir processos de resposta rápida às questões levantadas pelos clientes. E manter uma regularidade que permita manter a proximidade. Inovar nos formatos, sejam Webinars, vídeos, blogs, imagens e divulgação de mensagens nas mais tradicionais, e nas novas, redes sociais. E trazer toda esta mudança para os seus diferentes interlocutores, não descurando os formatos comprovados e que, bem utilizados, continuam a ter uma enorme eficácia – a presença editorial e paga nos órgãos de comunicação social, o conteúdo, seja branded ou sponsored, um email bem pensado, oportuno, com informação útil e action points claros; ações presenciais com apresentações modernas e interativas que desafiem os interlocutores.

Um plano de negócio sem uma comunicação adaptada aos tempos atuais, seja B2B ou B2C, é um risco adicional. Vale a pena?

 

Publicado, inicialmente, em Link to Leaders, versão impressa. Artigo de Opinião de Rodolfo Oliveira, Managing Partner da BloomCast Consulting.

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