Esta abordagem à organização das empresas também tem impacto na comunicação, com o foco na presença em canais digitais que lhes permitam ligar-se aos seus interlocutores em qualquer mercado, podendo as palavras de ordem ser definidas como adaptação, flexibilidade e evolução iterativa. Neste contexto de organizações descentralizadas e com hierarquias mais fluídas, a comunicação interna é essencial, porque equipas dispersas exigem a criação de espaços e momentos de ligação com modelos de comunicação informais que possam criar e reforçar a cultura da empresa. As newsletters, os canais de comunicação instantânea, as intranets, as populares conference calls e reuniões virtuais são elementos que concorrem para gerir e ligar equipas distribuídas, seja por motivos de teletrabalho, seja por questões de distribuição geográfica da operação. Entre outros efeitos colaterais, esta globalização também popularizou o chamado inglês internacional, com muitos sotaques e interpretações distintas, mas com uma base comum que simplifica a comunicação.
Também ao nível dos media tradicionais, há inúmeras mudanças e novas oportunidades de interação, com o crescimento da presença digital, dos podcasts, das infografias e das animações ou vídeos, da personalização e criação de comunidades, a que se junta a tendência inexorável dos conteúdos fechados a assinantes.
Para a comunicação externa, esta nova forma de estar nos negócios e a nova organização empresarial refletem-se na necessidade de pensar a comunicação de forma global, dominando os canais globais, sejam estes as redes sociais, os motores de busca, os media globais ou as diferentes plataformas de interação, do marketing automation à distribuição de conteúdos. A omnicanalidade é a norma, e a coerência na comunicação e na experiência de quem interage com a empresa um desafio. Isso torna essencial ser-se capaz de medir o engagement atingido e o impacto na reputação e na visibilidade mediática.
A comunicação tem, acima de tudo, de ser útil, de fácil apreensão e facilmente partilhável ou mantida para consulta. O mundo (apenas da comunicação, felizmente), é plano e global, e criar e alimentar os canais de comunicação, personalizados ou mais alargados, tendo em consideração também os aspetos culturais dos diferentes mercados, é um novo desafio para estas organizações.
Publicado, inicialmente, na Exame, versão online. Artigo de Opinião de Rodolfo Oliveira, Managing Partner da BloomCast Consulting.
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Está prestes a iniciar um novo projeto empresarial, sozinho ou com outras pessoas que partilham consigo o mesmo objetivo. A empresa com que sempre sonhou, o desafio que quis para o seu futuro. Da ideia e conceito inicial até ao plano, há inúmeras variáveis a ter em consideração, reuniões para analisar e debater as várias opções para a evolução do negócio, de análise dos potenciais custos envolvidos e de qual o investimento necessário, de estimar o break-even do investimento, das parcerias a estabelecer.
Todos estes aspetos são essenciais para que um projeto seja bem-sucedido, e uma gestão prudencial destas e de outras variáveis do projeto são uma preocupação que deve estar integrada em qualquer plano de negócios. Mas onde entra, nesta estrutura, a comunicação? Um erro comum é pensar que esta deve ser um aspeto acessório e integrado à posteriori, numa lógica de custos previstos de investimento, e não de parte essencial do plano de negócios.
Mas, uma vez que vivemos uma realidade digital em que a pesquisa e validação da informação que necessitamos diariamente é feita online, uma presença diminuta ou menos ativa tem um impacto claro no negócio e na sua evolução. Os exemplos são inúmeros e passam, entre outros, pela criação de sites estáticos e não atualizados ou que não estão preparados para a mobilidade, o que reduz drasticamente a sua visibilidade e é penalizado nos processos de pesquisa efetuados, a inexistência de um site bilingue, a inexistência de um processo estruturado de resposta a inquéritos presentes no site, a desconexão entre a informação residente neste e a que é divulgada nas redes sociais. Estes e outros erros podem, em conjunto ou isoladamente, constituir um fator determinante para o fracasso ou sucesso mediano dos projetos.
Evitá-lo é mais simples do que parece numa primeira análise e passa pela obrigatoriedade de integrar a comunicação no plano de negócios, como uma das variáveis a ter em consideração. É fundamental pensar que tipo de informação queremos disponibilizar, onde e como. Se estiver num mercado B2B, a comunicação e os processos relacionais são a norma, o que implica desenvolver processos de comunicação personalizados para clientes e prospects. Se estiver num mercado B2C, a prioridade é dada a uma comunicação mais massificada, e as campanhas, digitais e offline, são um canal privilegiado.
Os aspetos transversais a estas duas abordagens passam pela necessidade de trabalhar de perto com os media para dar a conhecer os produtos ou serviços editorialmente ou recorrendo a opções mais recentes como o branded ou sponsored content, webinars, conferências e parcerias, e o desenvolvimento de conteúdos aliciantes para as plataformas próprias e para estes novos modelos referidos anteriormente. A expressão muito em voga é content is king, porque o que, realmente, diferencia e destaca a mensagem que se propõe apresentar das restantes é a qualidade dos conteúdos que a sua empresa produzir e, ao mesmo tempo, a preocupação que revelar com o seu interlocutor, com que ele procura e com o que ele pretende.
Os consumidores sofisticaram-se, as opções são inúmeras e é essencial pensar no conceito de omnicanal na sua comunicação. Este conceito significa, simplesmente, que deve desenvolver os seus conteúdos pensados para os diferentes canais que tem à sua disposição, das redes sociais ao site, às newsletters e à comunicação que faz para e com os órgãos de comunicação social.
Publicado, inicialmente, em I9 Magazine. Artigo de Opinião de Rodolfo Oliveira, Managing Partner da BloomCast Consulting.